terça-feira, 31 de maio de 2011

Espero vcs lá

Diversos estudantes e professores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) estão organizando um ato em defesa do estado laico e a favor do projeto Escola sem Homofobia, que será realizado na próxima sexta-feira, dia 3 de junho, às 18h, no Pavilhão de Aulas Glauber Rocha (PAF 3), no campus de Ondina, em Salvador. O ato contará com performances e as presenças de diversos pesquisadores e estudantes da sexualidade, gênero, "raça"/etnia e demais manifestações da diversidade existente em nossa sociedade. 

"É preciso neste momento disputar uma imagem positiva do projeto Escola Sem Homofobia. A todo momento só vimos e ouvimos nos meios de comunicação ataques de quem ou não o conhece profundamente ou não compreende a sua importância. É fundamental termos uma escola e uma educação que rompam com a cultura de ódio, de preconceito e de violência. O Estado é laico e nós não aceitaremos que alguns deputados fundamentalistas religiosos barrem os avanços políticos e democráticos que estão presentes nesse projeto para o país, para nossa democracia e para a educação", disse Vinícius Alves, estudante da UFBA, ativista do Coletivo Kiu!, coordenador da Associação Beco das Cores e membro do Comitê Estadual de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT do Estado da Bahia.

“A decisão de passar as políticas públicas pelo crivo dos religiosos fundamentalistas é um atentado à democracia, que coloca em risco todas as políticas públicas para as chamadas ‘minorias’. Isso é algo muito grave. O problema não é discutir, o problema é que com essas pessoas não existe discussão, existem verdades absolutas que todos deveriam seguir. Essa questão é um grave atentado ao estado laico”, declarou Leandro Colling, professor da UFBA, presidente da Associação Brasileira de Estudos da Homocultura (ABEH) e membro do Conselho Nacional LGBT.

O ato foi proposto pelo Coletivo Kiu! e é apoiado pela ABEH e pelo grupo em pesquisa Cultura e Sexualidade (CUS).

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Folha de S Paulo, dia 17 de maio de 2011

TENDÊNCIAS/DEBATES
Desnaturalização da heterossexualidade 

LEANDRO COLLING



Para executar estratégias políticas que denunciem o quanto a heterossexualidade é compulsória, não podemos apostar só em marcos legais

O Dia de Combate à Homofobia, 17 de maio, é uma boa data para repensarmos as estratégias que utilizamos para desconstruir os argumentos dos homofóbicos.
As políticas de afirmação identitária, utilizadas para atacar as opressões contra LGBTTTs (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros), negros e mulheres, para citar apenas alguns grupos, surtiram efeito e por causa delas podemos comemorar algumas conquistas. Mas, ao mesmo tempo, essas políticas são limitadas em alguns aspectos.
Além de afirmar as identidades dos segmentos que representamos, também precisamos problematizar as demais identidades. Por exemplo: LGBTTTs podem, se assim desejarem, problematizar a identidade dos heterossexuais, demonstrando o quanto ela também é uma construção, ou melhor, uma imposição sobre todos.
Assim, em vez de pensarmos que as nossas identidades são naturais, no sentido de que nascemos com elas, iremos verificar que nenhuma identidade é natural, que todos resultamos de construções culturais.
Dessa maneira, a "comunidade" LGBTTT passaria a falar não apenas de si e para si, mas interpelaria mais os heterossexuais, que vivem numa zona de conforto em relação às suas identidades sexuais e de gêneros (aliás, bem diversas entre si).
Para boa parte dos heterossexuais, apenas LGBTTTs têm uma sexualidade construída e problemática, e o que eles/as dizem não tem nada a ver com as suas vidas.
É a inversão dessa lógica que falta fazermos para chamar os heterossexuais para o debate, para que eles percebam que não são tão normais quanto dizem ser.
Ou seja: para combater a homofobia, precisamos denunciar o quanto a heterossexualidade não é uma entre as possíveis orientações sexuais que uma pessoa pode ter.
Ela é a única orientação que todos devem ter. E nós não temos possibilidade de escolha, pois a heterossexualidade é compulsória.
Desde o momento da identificação do sexo do feto, ainda na barriga da mãe, todas as normas sexuais e de gêneros passam a operar sobre o futuro bebê. Ao menor sinal de que a criança não segue as normas, os responsáveis por vigiar os padrões que construímos historicamente, em especial a partir do final do século 18, agem com violência verbal e/ou física.
A violência homofóbica sofrida por LGBTTTs é a prova de que a heterossexualidade não é algo normal e/ou natural. Se assim o fosse, todos seríamos heterossexuais. Mas, como a vida nos mostra, nem todos seguem as normas.
Para executar estratégias políticas que denunciem o quanto a heterossexualidade é compulsória, e de como ela produziu a heteronormatividade (que incide também sobre LGBTTTs que, mesmo não tendo práticas sexuais heterossexuais, se comportam como e aspiram o modelo de vida heterossexual), não podemos apostar apenas em marcos legais e institucionais.
Precisamos desenvolver, simultaneamente, estratégias que lidam mais diretamente com o campo da cultura, a exemplo de ações nas escolas, na mídia e nas artes.
O projeto Escola sem Homofobia, assim, não correria o risco de apenas interessar a professores/as e alunos/as LGBTTTs. Nesse processo, comunicadores e artistas também poderiam servir como excelentes sensibilizadores para que tenhamos uma sociedade que realmente respeita a diversidade. E a festeja como uma das grandes riquezas da humanidade.


LEANDRO COLLING, professor da Universidade Federal da Bahia, é presidente da Associação Brasileira de Estudos da Homocultura e membro do Conselho Nacional LGBT.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

aviso

oi pessoas
em função das nossas duas últimas aulas terem sido realizadas extra-classe, o nosso próximo encontro, dia 31 de maio, vai condensar dois encontros e os textos da Larissa (sobre travestis) e da Nádia (sobre intersexos) ficará apenas como objeto dos papers de vcs (discutiremos alguma coisa caso vcs tiveram alguma dúvida, ok?).

por isso, no nosso próximo encontro, vcs precisam entregar um paper de dois desses quatro textos (vcs podem escolher). Todos estão na xerox ou disponíveis na net (no caso daqueles que possuem link).

Os quatro textos são:


Texto 16: GROSSI, Miriam Pillar. “Masculinidades: uma revisão teórica”. In: Antropologia em primeira mão.  Programa de Pós Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal de Santa Catarina. Nº 1. Florianópolis: UFSC, 1995 ou emhttp://www.antropologia.ufsc.br/75.%20grossi.pdf.
Texto 17: HALBERSTAM, Judith. “Uma introducción a la masculinidad femenina. Masculinidad sin hombres”. In: HALBERSTAM, Judith. Masculinidad Femenina. Trad. Javier Sáez, Barcelona-Madrid: E. Egales, 2008, p.p. 23-66.
Texto 18: ERIBON, Didier. “O choque da injúria” (27-29); “A fuga para a cidade” (30-36); “A cidade e o discurso conservador” (57-63). In: ERIBON, Didier. Reflexões sobre a questão gay.  Trad. Procópio Abreu. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2008.
Texto 19: COUTO, Edvaldo. “Walter Benjamim: ruas, objetos e passantes”. In: Couto, Edvaldo & MILANI DAMIÃO, Carla (Orgs.).Walter Benjamin: Formas de percepção estética na modernidade. Salvador: Quarteto Editora, 2008.

um abraço e bons estudos
leandro